Um dos pontos fundamentais para o sucesso da manutenção de um terrário por muito tempo é a questão das regas. Procura-se abrir o terrário apenas para realizar a irrigação, pois assim, quanto mais tempo fechado, haverá maior reaproveitamento da água e nutrientes. Tanto a quantidade como a frequência de água a ser utilizada é sempre muito menor do que se a planta estivesse em ambiente natural. Esses dois itens- frequência e quantidade de água- vão depender de alguns aspectos do terrário e do local onde ele permanece:
- ambientes mais quentes e/ou cidades com temperatura mais elevada exigirão uma maior frequência de regas, embora mantendo-se a quantidade;
- o mesmo terrário, no mesmo local, só terá diferentes frequências de regas dependendo das estações do ano, sendo que no inverno a frequência diminui e no verão aumenta;
- dependendo das espécies de plantas e do substrato utilizado, a frequência de regas e a quantidade de água vai variar. Por exemplo: uma espécie de planta que tolere a secagem do substrato poderá receber menor frequência de regas quando comparado a outra espécie que exija o substrato sempre úmido. Quanto ao volume de água, substratos com maior capacidade de retenção de água, como os ricos em matéria orgânica, podem receber maior quantidade de água a cada rega;
- se a tampa for de madeira ou de outro material poroso, haverá necessidade de maior frequência de regas. Já as tampas de vidro ou de metal, se não tiverem um ajuste adequado ao vidro, permitirão maior perda da umidade interna, a qual deve ser reposta com maior frequência;
- as dimensões do vidro também determinam o processo de regas. Nos vidros menores a quantidade de água utilizada é bastante pequena, mas a frequência será maior. Quanto maior o vidro, maior será o volume de água, mas menor a frequência de regas. Para um terrário de fitônias (Fittonia verschaffeltii), por exemplo, localizado em Curitiba no inverno* o volume de água e a frequência de regas variam dependendo do tamanho do vidro:
Dimensões do terrário (cm)
(Diâmetro x altura)
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Volume de água (ml)
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Frequência de regas
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6 x 7
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4
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1 vez/mês
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11,5 x 21
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30
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a cada 4 meses
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14 x 25
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40
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a cada 6 meses
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É natural, embora inadequado, que, na incidência de correntes de ar frio no terrário, forme-se um excesso de gotículas de água nas paredes do vidro, devido ao fenômeno da condensação do vapor d'água. Essas gotículas também poderão aparecer em quantidades menores mesmo sem a ocorrência de ventos frios e, neste caso, é uma demonstração que ainda há umidade interna suficiente para a planta, não havendo necessidade de regas.
É aconselhado usar água mineral ou então deixar a água tratada em repouso por 24 h antes de seu uso para que o excesso de cloro seja liberado.
*a informação original contida no livro foi modificada de "cidade de clima temperado" para "cidade de Curitiba na estação invernal" com o intuito de torná-la didática.
Técnica de regas: é fundamental que se observe a forma como é feita a rega no terrário. De forma alguma, a peça deve ser colocada sob um jato d'água. Nem mesmo as folhas das plantas ou as pedras do arranjo devem receber água. O sistema correto é que o volume de água a ser utilizado seja coletado em pipetas, seringa ou conta-gotas e depositado suave e diretamente em vários pontos da terra onde as mudas estão fixadas. Desta forma, a água é aproveitada totalmente.
Podas
Embora no interior do terrário ocorra uma diminuição do ritmo de crescimento do vegetal, depois de algum tempo, a planta terá ocupado um espaço bem maior que o original. Uma alternativa é removê-la para um recipiente maior, mas havendo, nesse caso, o risco de não haver readaptação do vegetal, resultando em sua morte. Conclui-se, então, ser mais adequado a execução de poda de ramos que estiverem mais altos ou sem local para livre crescimento. Para isso, pode ser utilizada uma tesoura de poda pequena e bem afiada, com o cuidado de limpá-la para não haver infecção do terrário.
Adubações
Quando o substrato para uso no terrário é preparado, já toma-se o cuidado de deixá-lo com um nível de fertilidade adequado ao crescimento da planta. Com o decorrer do tempo, através da reciclagem dos nutrientes, quase nenhuma perda é observada. Assim, não há a necessidade de se adicionar adubos sólidos ou líquidos, acrescenta-se somente o volume de água desejado.
A adição de adubos extras pode até ser maléfico ao terrário, causando uma salinidade no substrato e consequente queima de raízes e morte do vegetal.
Pragas e doenças
Por ser um ambiente úmido, o terrário favorece o desenvolvimento de vários tipos de fungos, sendo fundamental a prevenção desse problema. Mas, se após a confecção da peça houver o aparecimento de alguma doença, o ideal é que se desmanche totalmente o arranjo para ser refeito, pois é bastante difícil fazer um tratamento total nas pedras, areias, substrato,e plantas, onde podem estar presentes os agentes patogênicos. É importante ressaltar que antes de se refazer o terrário, deve ser feita uma assepsia muito cuidadosa do vidro e uma secagem completa com um intervalo de 24 h para sua reutilização. Caso seja diagnosticado o início do surgimento de doenças na planta ou de fungos no vidro ou substrato, uma pequena ventilação pode ser mantida por um tempo até a observação de seu desaparecimento porém, essa medida não assegura sua eliminação, sendo provável o ressurgimento do fungo.
Luz
Algumas plantas têm respostas interessantes à incidência de luz, pois comumente suas folhas permanecem voltadas ao local de maior luminosidade. Em alguns casos pode ser interessante em um terrário que as folhas se movimentem dentro da peça já que, a partir disso, é criado um efeito especial. Porém, salienta-se também que uma planta que apresente essa característica, quando mantida em terrários em frente a uma janela, por exemplo, mantém suas folhas voltadas para este ponto externo de luminosidade. Esse terrário, ao ser visto do interior da residência, deixa uma impressão pouco agradável enquanto a visão externa permanece perfeita. Aconselha-se evitar que seja frequente o manuseio e a troca de local, pois, se isso ocorrer, a planta deverá adaptar-se à nova forma de exposição.
Um outro fenômeno possível de ocorrer é o estiolamento, ou seja, o alongamento dos caules da planta devido à baixa luminosidade ou para atingir um nível da peça de maior incidência de luz. Porém, neste fenômeno não ocorre formação de folhas novas ou órgãos reprodutivos, sendo assim recomendado a realocação do terrário.
Fonte: Terrários, Ciência e Arte. Maria Cristina e Ruy Inacio Neiva de Carvalho. Editora UFPR. Vendas desta publicação pelo e-mail: editora@cce.ufpr.br
PÁGINA EM CONSTRUÇÃO!
Olá. Gostei muito dos esclarecimentos. Recentemente adquiri um terrário pequeno fechado. Como ele sacudiu um pouca na viagem, tive que abri-lo à noite para ajeitar as pedrinhas. Na manhã seguinte percebi que a umidade que havia no vidro desaparecera, então, com a ajuda de uma seringa, recompus a umidade. Essa foi uma atitude correta? Outra coisa: se eu detectar a formação de fungos na rolha que veda o vidro eu poderei tratá-la com álcool 70%?
ResponderExcluirGrato.
Depende muito da quantidade de água, da espécie de planta, do vedamento,etc. O ideal é você conhecer quais plantas são e saber exatamente a exigência hídrica da espécie! Quanto aos fungos pode sim tratar com o álcool e esperar secar bem.
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